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O relógio de raízes Quadradas

 
Foto de Prof. Teresa Lamy
O relógio de raízes Quadradas
por Prof. Teresa Lamy - Domingo, 8 Fevereiro 2015, 16:46
 

A história do relógio de Raízes Quadradas

 

 

Tudo começou com uma ideia que tive, enquanto lecionava os conteúdos relativos à raiz quadrada, numa das minhas turmas de sétimo ano. Surgiu, tendo por base o que havia sido publicado por uma entidade de ensino da matemática anteriormente. Nestas alturas, como gosto de desafios, pensei logo em abraçar a ideia - como algo a que hoje em dia se chama tão frequentemente de “pop-up” mas noutros contextos.

Porquê? É que o ensino da matemática precisa de ser abraçado, numa altura em que o nível de exigência aumentou significativamente, e, em que as crianças e jovens precisam que se lhes mostre que a matemática não é o “bicho-de-sete-cabeças” que muitos consideram ser. Precisam ter consciência de que é um saber que, para além de não ocupar lugar, ajuda a facilitar todo e qualquer tipo de raciocínio, quer sejam utlizados diretamente ou não conhecimentos matemáticos. A ideia que tenho transmitido, ao longo dos anos, aos meus alunos, em relação à disciplina que leciono, tem sido sempre trabalhada mas tem por base sempre o mesmo raciocínio. Agora vou utilizar uma frase cedida por uma colega de grupo da escola, e que foi apresentada e trabalhada na primeira aula, a de apresentação:

«Aprender Matemática é como aprender a nadar. É preciso começar a bater os pés, depois os braços, treinar a respiração e o fôlego, às vezes engolir água, enfim exercitar-se até poder flutuar e nadar com tranquilidade. Aquele que apenas observa e depois se atira na água, tentando imitar, certamente se atrapalha, se afoga ou fica com horror à água.» (Prof. Mello e Sousa)

Assim, apenas resolvi concretizar a ideia, como forma de incentivo para os alunos, quer para os conteúdos que iriam ser lecionados, quer para terem noção de que para fazer algo, mesmo parecendo difícil à partida, basta, em primeiro lugar, querer.

Durante a interrupção letiva do Natal assim fiz, adaptei o mostrador, e construí um relógio a partir de um que comprei propositadamente, e mostrei-o nas primeiras aulas às minhas turmas no início deste segundo período letivo. Passámos essas aulas a ver as horas por ele. Descobri que, lamentavelmente, estamos numa era digital em que muitos jovens colocam efetivamente os tradicionais relógios de ponteiros de parte, por uma questão de facilitismo.

Mas qual o nosso papel no meio disto? Não é o de lhes mostrar os dois pratos da balança? Não será o de lhes explicar que as coisas podem ser pensadas e raciocinadas de forma mais rigorosa e exigente, sem descurar do que nos pode levar mais longe e de forma mais eficiente?

Depois destas aulas, decidi oferecer o relógio à escola Padre Fernandes Francisco Soares. Falei com alunos, colegas e por fim com a direção, que agradeceu e abraçou logo a ideia.

A pergunta mais curiosa que me fizeram foi de como iriam, como meus alunos, responder aos colegas de quinto e sexto ano de escolaridade acerca do relógio. Decidi dizer que poderiam responder do mesmo modo que respondi à minha filha, de cinco anos de idade, quando viu o relógio da cozinha ser substituído pelo relógio das raízes – a minha filha que quis aprender a ver as horas durante as férias do verão – ou seja, que o que lá se vê representa o mesmo que noutro qualquer relógio de ponteiros e que o símbolo novo se lê “raiz quadrada”.

Assim ficou decidido que o relógio ficaria exposto no bar da escola.

Junto agradeço o incentivo que me deram assim como os diversos agradecimentos que tive por parte de colegas e alunos, que tão orgulhosamente me falam do relógio.

Prof. Helga Serra

Fev 2015